RADARZINE (OKC20)

RADARZINE (OKC20)

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Quinta-feira, 22 Junho 2017
Esta Semana

O Radarzine prossegue o seu destaque alargado aos músicos nacionais envolvidos na nossa experiência científica OKC20, a celebração dos 20 anos de OK Computer dos Radiohead, onde todas as semanas estreamos novas versões para as 12 canções no alinhamento do álbum.
Depois da versão de TAPE JUNk para “Electioneering”, de “Karma Police” por Benjamim, “Exit Music (For A Film) pelos Vaarwell, “Paranoid Android” por Mirror People, “Climbing Up The Walls” na voz de Sequin, “Subterranean Homesick Alien” pelos You Can’t Win, Charlie Brown e “Lucky” por Filipe Sambado e da versão de Batida para “Fitter Happier”, a canção que estreámos esta semana (e que podem ouvir apenas em exclusivo durante as nossas emissões) foi a de “Airbag” por Primaira Dama & Coelho Radioactivo.

Deixamos hoje o testemunho de Manel Lourenço (Primeira Dama) sobre a sua relação com o clássico terceiro álbum dos Radiohead.

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Tens alguma relação com o OK Computer? O disco saiu no ano em que nasceste.
Radiohead foi a banda da minha infância, eu cresci com a minha mãe a ouvir Radiohead desde sempre, o OK Computer saiu pouco depois de eu nascer, estou a fazer versão de um disco que eu nasci a ouvir, praticamente. E ouvi o disco desde sempre, é daqueles discos que eu sei de cor, apesar de ser coisas que já não me dizem tanto, a esta distância, mas é um disco de que gosto muito, continuo a gostar. Mas eu acho que o [Filipe] Sambado já tinha dito isso, nós limitámo-nos a não deixar a cena assim tão… aquilo está de facto muita datado, mas no caso do OK Computer não é um problema porque o que definiu essa data foi o OK Computer, o que definiu essa maneira de fazer, essa estética, essa produção.
Além do Filipe Sambado, na produção, fizeste esta versão com o Coelho Radioactivo.
O Coelho é o estudioso de Radiohead, do pessoal desta geração é o principal gajo que conhece a obra toda e que sabe tim-tim por tim-tim, e que tem claramente marcas na sua música, da aprendizagem que fez dos Radiohead. E ele concebeu o arranjo base, a pianada,  e eu fiz as vozes e as harmonias e os delays. Depois eu e o Sambado fizemos a pós-produção, misturámos o beat e as teclas, e eu fiz uma espécie de falso beatbox com o delay, e depois fiz as vozes todas por cima, gravei as camadas.
Não estamos habituados a ouvir-te cantar em inglês. Deste-te bem com isso?
Eu já fiz música em inglês antes e vivi nos Estados Unidos dos 2 aos 5 anos, portanto o inglês para mim é uma língua intuitiva. Mas tive que ir checkar letras que já não me lembrava, ou é daquelas quando és miúdo nunca percebes muito bem o que é que ele está a dizer então assumes que é outra palavra e havia umas que eu já sabia que inventava, então fui checkar palavra a palavra. E fiz uma adaptação métrica que achei mais bonita.
Foi fácil ou difícil chegar ao tom vocal do Thom Yorke?
Para mim foi tranquilo, basta ouvir pelo meu disco, isso para mim não foi problema. Tenho outros problemas, em termos de interpetação da canção, porque tem muitos moves que não são hábitos meus, mas em termos de registo não tive problemas nenhuns. E a música até está pitchada, tal como a do Sambado está toda pitchada para cima, a nossa não está dessa forma tão evidente, está é com aquele truquezinho à Andre 3000, que é tu gravas a cena e depois pões só um nadinha, meio tom mais rápido, então o que isso faz é dar uma espécie de magia de timbre, fica assim um misto, nunca se percebe bem se é timbre feminino se é masculino, que é o que acontece em muitas músicas de OutKast, estão ligeiramente pitchadas, ou para baixo ou para cima, fica uma coisa que não se nota assim tanto mas dá uma estética diferente.
Esta versão foi toda feita em teclados?
Sim, basicamente é só teclados, um beat, vozes e delays malucos. Eu faço uma espécie de solo, com o delay, aquilo tem um modo em que ele põe sempre a repetição no máximo, o botão do repeat passa a ser só feedback, então quando pões aquilo no máximo ele fica só a criar camadas e camadas, então depois a brincar com a velocidade fiz tipo um solo, no final da música há uma espécie de solo de nota de delay, que é o feedback da minha voz no delay e eu a mexer na velocidade e aquilo dá uma nota.
A vossa ideia foi então actualizar a canção, mantendo a base?
Eu acho que sim, acho que é bastante fiel, o beat mantém o mesmo groove, apesar de ter uma estética mais up to date. As teclas, são coisas que eu e o Coelho tocamos, mas também podia ter sido outras coisas. Mas se tivesse sido com a guitarra tinha mandado muito aquela vibe do original, sempre com aquela coisa meio Radiohead, quase a ser rock mas nunca a ser rock, com uma distorção sempre ali no limite, vão buscar aquela cena ao shoegaze que é uma distorção sempre lá atrás, tipo «calma aí, nós não somos assim tão rock’n’roll, somos mais intellect da cena». E foi assim, o Coelho transpôs isso para teclas e foi seguir a ideia mais ou menos limpinha e depois pôs-se o beat por cima.
E fizeram isto tudo à distância, que o Coelho Radioactivo estava no Norte e tu em Lisboa.
Sim, mas resultou. Estivemos sempre em contacto, fomos fazendo assim, ele fez uma parte, eu recebi-a, com a ajuda do Sambado gravei as minhas teclas e fizemos a mistura e masterização, voltei a mandar-lhe – mandei as duas versões, a pitchada e a não-pitchada, o Coelho também gostou mais da pitchada, que é a versão toda meio tom acima, que dá um brilho especial.
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Com Duarte Pinto Coelho
Sábado 13:00 / Domingo 20:00 / Terça para Quarta 00:00

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