O Radarzine prossegue o seu destaque alargado aos músicos nacionais envolvidos na nossa experiência científica OKC20, a celebração dos 20 anos de OK Computer dos Radiohead, onde todas as semanas estreamos novas versões para as 12 canções no alinhamento do álbum.
Depois da versão de TAPE JUNk para “Electioneering”, de “Karma Police” por Benjamim e de “Exit Music (For A Film) pelos Vaarwell, a canção que estreámos esta semana (e que podem ouvir apenas em exclusivo durante as nossas emissões) foi a de Mirror People para “Paranoid Android”.
Deixamos hoje o testemunho de Rui Maia sobre a sua relação com o clássico terceiro álbum dos Radiohead.
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Qual é a tua relação com Radiohead? És fã, lembras-te de quando saiu o OK Computer?
Sim, eu acompanho os Radiohead desde o início, lembro-me quando saiu o Pablo Honey, lembro-me que a primeira canção que ouvi deles foi a “Stop Whispering”, e naturalmente a “Creep”, e acompanho desde essa altura. Na fase inicial da banda eu era um verdadeiro fã, até ao Kid A, porque também estava um bocado virado mais para o Britpop e para aquela sonoridade que estava a acontecer na altura. Antes do OK Computer, o The Bends, para mim foi um grande disco, é um grande disco, tem excelentes canções e lembro-me quando saiu o OK Computer, eles vieram cá tocar, ao Paradise Garage em Lisboa e eu ainda era miúdo e vivia no Porto, infelizmente não tive oportunidade de ver, que é daqueles concertos que deve ter ficado na memória de muita gente, certamente. E portanto, o OK Computer quando saíu, o “Paranoid Android” lembro-me de ver o vídeo na MTV e de achar o vídeo estranhíssimo e a canção é um pouco longa, foi algo não muito usual na altura, um vídeo tão longo na tv, uma canção estranha com várias partes ser um single. Na altura comprei o disco e gostei imenso, tem ‘n’ canções boas, vários singles, dos maiores dos Radiohead até agora, é um excelente disco.
Fizeste uma versão da “Paranoid Android”, tens alguma relação especial com a música?
Para mim, fazer uma versão desta música é um grande desafio porque é uma canção única, não é propriamente simples. É uma canção que toda a gente conhece e no álbum inteiro penso que é aquela que é mais estranha e mais complicada mesmo. Mas eu gosto de desafios e acho que desenvolvi um bom trabalho.
A tua ideia foi tentar aproximar os dois mundos – Radiohead e Mirror People – ou distanciar?
Como são dois universos completamente diferentes, nesta versão estou a aproximá-la mais do meu lado, ou seja, não é uma versão disco, nem synthpop, mas tem alguns elementos característicos a Mirror People, mas dentro do universo dos Radiohead, a abordagem que fiz à canção não foi propriamente uma cover a copiar a canção exactamente como ela é, mas peguei em certos elementos e transformei-os e levei-os para o meu universo. É complicado chegar ao objectivo de identificar os Radiohead e Mirror People ao mesmo tempo, certamente pelos sintetizadores que introduzi na canção, nota-se que sou eu, a produção é minha e tem o toque que normalmente eu dou às canções, um toque mais electrónico, menos guitarras como é normal em Mirror People. Fica a meio caminho entre Radiohead e Mirror People.
Dentro da canção propriamente dita, houve algumas partes que tenham sido mais difíceis de interpretar?
Gosto muito daquele breakdown a meio, quando a canção vai abaixo e surgem aquelas cordas, acho que essa parte está bem conseguida na minha versão, tem mesmo umas cordas sintéticas mais orquestrais e um bocado diferente daquilo que foi gravado pelos Radiohead. Gosto muito dessa secção da música até ao final. Mas esta música, logo o início é complicado, porque temos uma guitarra com o beat e substituir essa guitarra é tramado, porque na versão dos Radiohead é algo muito presente e importante para a canção, aquele dedilhado.
E como trataste da parte vocal?
Quem canta é o Johnny [Abbey, vocalista que também cantou no mais recente disco de Mirror People, Bring The Light]. E tivemos de fazer uma adaptação para chegar a este registo, tivemos de fazer 3 tons abaixo, para ser mais confortável para ele cantar, que o Thom Yorke tem um timbre super agudo e não sei quantas escalas é que ele consegue atingir com a voz, mas ele canta bem agudo, como canta grave, é um excelente cantor.
Com Duarte Pinto CoelhoSábado 13:00 / Domingo 20:00 / Terça para Quarta 00:00