O SBSR regressa ao Meco a 17, 18 e 19 de julho do próximo ano: é a garantia da organização do festival que já passou por vários locais e formatos, mas que tem a Herdade do Cabeço da Flauta como “morada do coração”.
Entre a nostalgia e o futuro, a 28ª edição do evento aconteceu este fim de semana e recebeu os italianos Maneskin, Slow J e Stormzy como headliners — e muitos caminhos para desbravar entre as segundas linhas do cartaz.
Os Maneskin, vencedores da Eurovisão em 2021, dominaram a primeira noite, mas também eles se renderam aos Royal Blood, a dupla de Brighton que atuou mais cedo e que voltou a apresentar “Back to the Water Below” entre nós. Os italianos viram esse concerto a partir do fosso dos fotógrafos — até porque havia tempo para passar: Thomas Raggi já tinha feito parte da atuação de Tom Morello, dos Rage Against the Machine, aqui a solo e a exercitar a guitarra e a mensagem entre versões.
A completar a noite, o regresso de Will Butler com as dançantes Sister Squares e, de boxers, o fenómeno Marc Rebillet que leva a improvisação ao palco. De Quinta Feira fica ainda a passagem dos Capitão Fausto por “Pesar o Sol”, a celebração de uma década para um álbum de transição da banda que certamente mais estrada fará na sua liga em 2024.
Na Sexta Feira, com o cancelamento de 21 Savage, Slow J subiu a cabeça de cartaz e reencontrou-se com Papillon, a quem produziu o álbum de estreia, em 2018. Ambos levantam a bandeira de uma nova geração no hip hop português: o primeiro a esgotar duas noites na MEO Arena sob o signo de “Afro Fado” e o segundo a aplicar o que aprendeu na escola GROGnation. O som dos dois põe no concreto o quanto mudou a música que chega às tabelas em Portugal — e reflecte o que, de lá de fora, também trouxeram Mahalia, Mabel, Aminé e até Black Coffee: as fronteiras sonoras são cada-vez-mais nuvens no céu.
Sábado foi de Stormzy — a esticar os limites do grime numa discografia que tem em “This Is What I Mean” o mais recente capítulo e em “Heavy is the Head” o mais consensual. O britânico assinou um concerto enérgico (talvez o mais enérgico destes três dias) e terminou com uma merecida volta olímpica pela fila da frente. O auge num dia com o funk dos Vulfpeck e o à-vontade com que os Hause Plants abordam o palco, a tirarem do bolso a primeira canção em português e a caminho de um novo trabalho nas asas da Cuca Monga.
O último dia arrancou ainda em modo recordação: ao fim de nove anos, os Mind da Gap voltaram aos palcos — ou a este palco, já que as declarações do trio não apontam para grandes repetições. Mereciam um público mais vasto, mas levaram quem estava numa viagem pelo tempo: “Dedicatória” soava em 1997, “Todos Gordos” em 2000, mas também houve nostalgia adolescente para os que só mais tarde apanharam o comboio: a Ace, Presto e Serial juntaram-se Maze, Valete e Sam The Kid.
E no final da noite, com as chaves da Herdade, Chromeo, em formato DJ set — assim se fechou mais uma edição do “festival do Meco”, quase a completar três décadas de existência.