O IndieLisboa está a decorrer até domingo, mas uma sessão na segunda-feira, no Cinema São Jorge, foi marcada por um protesto-performance que denuncia “cinismo” na competição dos festivais.
A primeira exibição de “Frágil”, de Pedro Henrique, surpreendeu a audiência com discurso sobre a precariedade no cinema e uma faixa de protesto. O realizador critica a promoção da competição entre cineastas.
Perante uma plateia que alternava entre aplausos e apupos, o jovem realizador discursou durante cerca de meia hora, criticando, entre outras coisas, a aparente necessidade de submeter uma obra a competição para a mostrar numa sala de cinema. E disse: “Mesmo que atribuam dois ou três prémios em vez de um, continuam a virar-nos uns contra os outros, umas contra as outras. Para poder mostrar o meu filme numa sala de cinema como esta, uma sala a sério, pedem para eu competir com outros oito realizadores e realizadoras. E eu digo que sim. Todos dizemos que sim. Será assim tão impossível imaginar um espaço onde podemos mostrar os nossos filmes?”, questionou.
No mesmo discurso, as palavras do cineasta garantem que, caso Frágil receba o prémio da competição nacional de longas-metragens, este será recusado.
Entretanto, Miguel Valverde, um dos diretores e programadores do IndieLisboa, garantiu, em declarações à revista Time Out, que a organização não contava com o sucedido, mas que “estes protestos são muito naturais e acontecem em muitos festivais”.
O programador considera que protestos como este “são importantes para mostrar que a situação não está fácil para ninguém”. Disse ainda sentir “que a competição, sobretudo em Portugal, é bastante saudável, no sentido em que a competição verdadeiramente não existe”. Só existe “porque há atribuição de prémios em dinheiro” que é muito importante, porque este é um meio precário. Além disso, o programador recorda que o próprio IndieLisboa tem categorias não-competitivas.
No programa do IndieLisboa o filme “Frágil” volta hoje a ser exibido, às 22h00, no Cinema Ideal.