“Funk: Grito de Ousadia e Liberdade”, patente desde setembro de 2023, tem surpreendido muitos dos visitantes do MAR-Museu de Arte do Rio, que desconheciam a importância sociológica e a influência do rhythm and blues e soul americano no empoderamento das pessoas negras no Brasil, no final dos anos 70 e década de 80.
Com origem no Memphis e Detroit, no Michigan, pela voz de James Brown, George Clinton ou Sly & the Family Stone, e depois transformado a partir do Miami Bass, os ritmos da música soul e funk no Brasil distinguiram-se, como explicam os curadores do MAR, “através de batidas pesadas e letras muitas vezes explícitas com ênfase na dança e na cultura das festas”.
Através de vídeo, pinturas, fotografias, colagens e esculturas de dezenas de artistas brasileiros que habitavam e representavam esta cultura, a exposição proporciona uma imersão no universo dos clubes desportivos das favelas e dos subúrbios cariocas, onde, como muita energia, elegância e atitude, muitas pessoas fintavam a ditadura, ao mesmo tempo que davam voz a mensagens reivindicativas de luta pelos direitos da população negra e das minorias LGBTQIA+.
Como escrevem os curadores Amanda Bonan e Marcelo Campos, no texto de abertura da mostra: “Os artistas aqui reunidos refletem criticamente sobre o mundo em que se inserem.”
A mais importante exposição do MAR entrará em reta final no dia 30 de março. Se for ao Rio de Janeiro para vibrar com o Carnaval carioca, este será um desvio bem merecido.
Texto e fotos de Fátima Lopes Cardoso (ESCS)