O novo espaço de autor da RADAR, assinado por André Gonçalves, estreou esta Quarta, 22 de Setembro — ao longo da emissão e em podcast.
O espaço intitulado “Atacama Blues” vai, como o nome sugere, ocupar o território musical dos blues e os seus afluentes, a montante e a jusante.
Atacama remete intencionalmente para o deserto.
Ainda que não exista uma relação directa entre este Deserto Chileno e os Blues, há uma possível analogia com o deserto interior do homem, com a tensão permanente que define a organização social em função de um poder fátuo.
Os Blues são o espelho dessa condição, quase sempre, de opressão sobre um grupo social desfavorecido.
As condições adversas e desafiantes, a essas geografias áridas e simultaneamente vastas, mais não são do que uma metáfora para ilustrar a superação do homem.
Os escravos que trabalharam os campos de algodão e construíram a ferrovia nos Estados Unidos, fizeram-no em circunstâncias tremendas.
Os blues representam essa possibilidade de superação, através de uma libertação interior, quase espiritual.
Este estilo maior nasce no seio de uma comunidade oprimida e mais não é do que a catarse transformada em arte.