RADARZINE (OKC20)

RADARZINE (OKC20)

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Sexta-feira, 09 Junho 2017
Esta Semana

O Radarzine prossegue o seu destaque alargado aos músicos nacionais envolvidos na nossa experiência científica OKC20, a celebração dos 20 anos de OK Computer dos Radiohead, onde todas as semanas estreamos novas versões para as 12 canções no alinhamento do álbum.
Depois da versão de TAPE JUNk para “Electioneering”, de “Karma Police” por Benjamim, “Exit Music (For A Film) pelos Vaarwell, “Paranoid Android” por Mirror People, “Climbing Up The Walls” na voz de Sequin e de “Subterranean Homesick Alien” pelos You Can’t Win, Charlie Brown, a canção que estreámos esta semana (e que podem ouvir apenas em exclusivo durante as nossas emissões) foi a de Filipe Sambado para “Lucky”.

Deixamos hoje o testemunho de Sambado sobre a sua relação com o clássico terceiro álbum dos Radiohead.

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Qual é a tua relação com os Radiohead? Lembras-te de quando o disco saiu?
 
Eu tinha 12 anos, lembro-me do disco porque o meu tio – que morava na mesma cidade que eu e eu passava muito tempo com ele – ouvia muito este disco e tenho óptimas memórias. Quando a Radar me convidou para fazer isto eu fiquei na dúvida entre algumas porque lembrava-me vagamente, não fui logo ouvir para ter a certeza qual é que era a música. A “Lucky” pareceu-me bem, depois arrependi-me da “Lucky” porque lembrava-me muito bem do refrão e achava que tinha que ser outra, porque quando me deparei com a canção não gostei assim tanto dela, mas depois acabei por voltar atrás e mantive a canção. Senti que a memória que tinha do disco era melhor, quando o lugar foi revisitado acabou por não ser tão feliz quanto a memória que eu tinha dele, não gostei nada dos arranjos, foi um voltar ao disco muito estranho. Mas percebi que esta canção as canções do disco são boas à mesma, senti que tinha lá qualquer coisa que me interessava, e o refrão era realmente a memória mais forte que tinha e quis pegar por aí.
Na altura, quando chegaste ao OK Computer e aos Radiohead, sentes que isso possa ter influenciado de alguma forma a maneira como ouviste música a partir daí?
Para mim não teve a euforia mediática, nem de mudança de paradigma pop ou assim, como às vezes se fala tanto dos Radiohead nesse sentido. Eu não senti tanto isso, o que acabou por me acontecer foi que aquilo era a continuação de uma série de coisas que eu ouvia em casa do meu tio ou em casa do meu pai ou assim. Eu era um miúdo de 12 anos, era quase um seguimento de estar a ouvir Spice Girls, eu gostava na mesma.
Depois disso, nunca mais ouviste o disco e só voltaste lá agora?
Ouvi algumas vezes, mas acho que já não ouvia o disco desde os meus 18 anos ou assim, foi quando eu parei de ouvir Radiohead, que entretanto cansei-me daquilo. Este disco é que eu guardava sempre com muito carinho só que depois acabei por não ouvir e fui ouvindo outras coisas.
Chegado agora à “Lucky”, a tua ideia para a versão foi logo subverter completamente?
Não, primeiro foi ouvir e perceber onde é que queria pegar, e o que eu achei foi que o verso tinha muito menos força que o refrão e precisava de conseguir compensar isso. Tentei fazer a coisa da forma mais básica, saquei os acordes, depois mudei alguns na introdução e havia dois lados, que ao tocar na guitarra me ressoavam bastante: eu sentia que a música tinha um lado Neil Young e um lado Cohen, mas ao mesmo tempo não queria que ficasse marcado, quis puxar para uma coisa meio Eurodance ou assim, pitchei a cena para o dobro da velocidade e começou a ganhar até um lado meio Vaporwave também, uma coisa toda escafiada, toda estragadinha.
 Foste tu que tocaste tudo o que ouvimos nesta versão?
Sim, isto é quase tudo electrónico, fiz o beat, depois a bassline também estive a compor ao teclado, e toquei guitarra e cantei, não foi multi-instrumental como o disco ou assim, aqui foi mais computorizado. O facto de a música ficar muito mais rápida e abordá-la dessa forma faz logo com que o espaço fique ocupado doutra maneira e é uma questão de inverter, ou subverter, a importância das linhas melódicas. O que acaba por acontecer é que eu na música dou tanta importância à linha de baixo como à da voz, a linha de baixo é que começa a cobrir as contra-melodias da voz, e no caso deles não é isso que acontece, há sempre guitarras que vão ocupar esse espaço, o baixo ocupa só o espaço do baixo. Por isso é que eu usei um baixo com duas oitavas, mesmo para poder ficar nessa zona de contra-melodia e subverter linhas.
 
A voz está com o pitch acelerado. Foi uma maneira de contornar a voz do Thom Yorke?
Não, eu até tenho a voz aguda, chego facilmente às notas dele. A abordagem que eu fiz, estava a cantar completamente à Cohen, assim mesmo paradinho, uma coisa muito suave, e ao acelerar a música – fui fazendo esse teste, gravei para o telemóvel a em casa a versão tocada e o telemóvel tem aquela função de duplicar e eu experimento sempre. Já nem sequer é obra do acaso, é obra da experiência.
E essa versão em que cantas à Cohen, ainda tens, podemos ouvir isso um dia?
Eu acho que já apaguei, que há uns dias estive a limpar o telemóvel – porque gravo lá muitas ideias, riffs ou letras, e volta e meia apago. Mas posso pôr a música mais lenta e ouve-se essa versão. Se um dia fizermos isso dá para perceber, se puserem a música a metade dá para perceber a gravação original. É uma espécie de leak da versão original, ponham a metade.
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Com Duarte Pinto Coelho
Sábado 13:00 / Domingo 20:00 / Terça para Quarta 00:00

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